quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

A Primavera



Por Maria Waleska Van Helden

Úmida é a primavera
Como um útero róseo e pleno
Dilatado cheirando prazer
Urge nascer
Recuperar o viço

Depois de secas tempestades de abandono
Que bom que vieram
Testemunhar a atitude do nascimento, o acúmulo
de botões em borbotões

Húmus regados
De plantações perdidas
E brotos verdes de amores secretos

A primavera é remédio
É o remédio
Das solidões
Que recebe o agasalho
De cobertores coloridos
Com risadas dissonantes

Que bom que vieram
Não estou surpresa
Esta visita foi planejada
Em estado ritual
iluminada pelos vagalumes
Que espiam o acasalamento
Embriagados de copos-de-leite
E encharcados de tremores vitais


Foto: Carlos Sillero

Nenhum comentário: