
Por Maria Waleska Van Helden
Úmida é a primavera
Como um útero róseo e pleno
Dilatado cheirando prazer
Urge nascer
Recuperar o viço
Depois de secas tempestades de abandono
Que bom que vieram
Testemunhar a atitude do nascimento, o acúmulo
de botões em borbotões
Húmus regados
De plantações perdidas
E brotos verdes de amores secretos
A primavera é remédio
É o remédio
Das solidões
Que recebe o agasalho
De cobertores coloridos
Com risadas dissonantes
Que bom que vieram
Não estou surpresa
Esta visita foi planejada
Em estado ritual
iluminada pelos vagalumes
Que espiam o acasalamento
Embriagados de copos-de-leite
E encharcados de tremores vitais
Foto: Carlos Sillero
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